segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

O CICLO DAS FALSAS PROMESSAS ELEITORAIS


O futebol de Barbacena carrega uma tradição construída por atletas, dirigentes, treinadores e comunidades que, apesar das dificuldades estruturais e financeiras, seguem sustentando o esporte com dedicação e voluntarismo. Contudo, a cada aproximação de eleições para deputados estaduais e federais, repete-se um roteiro conhecido: a súbita aparição de políticos oportunistas, anunciando patrocínios, cursos, clínicas e eventos esportivos com promessas que se projetam para o ano seguinte — agora, para 2026.
À primeira vista, essas iniciativas parecem bem-vindas. Cursos de capacitação, torneios, reformas de campos e “apoio ao esporte de base” são bandeiras sedutoras, especialmente em um cenário de carência histórica de investimentos públicos contínuos. O problema não está no discurso em si, mas no seu caráter episódico, eleitoreiro e, muitas vezes, inconsistente. Passado o período eleitoral, as promessas tendem a esfriar, os projetos desaparecem e o futebol local retorna à realidade de sempre: escassez de recursos, falta de planejamento e ausência de políticas públicas permanentes.
Um padrão que se repete há anos
Esse comportamento não é novo. Há décadas, atletas e dirigentes da cidade e da região assistem ao mesmo ciclo: visitas frequentes em anos pré-eleitorais, anúncios em redes sociais, fotos em campos e ginásios, distribuição de material esportivo e promessas de convênios futuros. Após as eleições, porém, a maioria dessas ações não se consolida em programas estruturados, com orçamento, metas e acompanhamento técnico.
O esporte, nesse contexto, passa a ser utilizado como ferramenta de marketing político, e não como política pública. O futebol de Barbacena — sobretudo o amador e o de base — acaba sendo instrumentalizado para gerar visibilidade imediata, em vez de receber investimentos sustentáveis que promovam formação, inclusão social e desenvolvimento esportivo de longo prazo.
Alerta aos atletas e dirigentes
Diante desse histórico, é fundamental um posicionamento crítico e responsável por parte dos atletas, dirigentes de clubes, ligas e entidades esportivas da cidade e da região. Alguns pontos merecem atenção especial:
1. Exija formalização: promessas devem vir acompanhadas de projetos escritos, cronogramas, fontes de recursos e responsabilidades claras.
2. Desconfie de ações isoladas: eventos pontuais em ano eleitoral não substituem programas contínuos de fomento ao esporte.
3. Evite personalização política: o apoio ao futebol deve ser institucional, não atrelado à imagem individual de candidatos.
4. Preserve a autonomia das entidades: clubes e ligas não podem se tornar palanques eleitorais.
5. Cobre continuidade: questione o histórico do político com o esporte fora do período eleitoral.
Futebol como política pública, não moeda eleitoral
O futebol de Barbacena merece respeito. Respeito que se traduz em políticas públicas estáveis, planejadas e fiscalizáveis, capazes de atravessar mandatos e não apenas campanhas. O desenvolvimento esportivo exige continuidade, formação técnica, infraestrutura adequada e apoio institucional — não favores temporários.
O alerta é claro: atletas e dirigentes precisam estar atentos para não confundir oportunismo eleitoral com compromisso real. O esporte local não pode seguir sendo usado como vitrine passageira. Defender o futebol de Barbacena é exigir seriedade, transparência e responsabilidade — hoje, em 2026 e em todos os anos que virão.